Tendências

Tendências de cores NCS 2026 +

Como sempre digo, para prever o futuro, é preciso entender o que está a acontecer atualmente. Uma tendência de cor não vem subitamente do céu. Uma tendência de cor é uma evolução das nossas preferências de cores.

Palestra “Previsão de Tendências de Cores para 2026+” com Karl Johan Bertilson, Diretor Criativo da NCS Colour, Stockholm Furniture 2025

A nova previsão de Cores NCS 2026 + apresenta não apenas uma proposta estética, mas um reflexo direto das tensões, aspirações e desejos da sociedade contemporânea. 

Quais foram as previsões de 2025?

“Falando das tendências de cores para 2025, notamos que o mundo está a tornar-se cada vez mais confuso. Acho que irá concordar que a nossa visão de 2025 é bastante precisa. 2025 é o ano da incerteza. Realmente não sabemos o que está a acontecer. Isso está a refletir-se dramaticamente no design.”

Karl Johan Bertilson, Stockholm Furniture 2025

O design está cada vez mais a refletir um sentimento coletivo de frustração e insegurança, como se o mundo estivesse à beira de uma transformação profunda, mas ainda sem saber bem para onde se dirigir. A imprevisibilidade está no ar, e o design surge como um reflexo da necessidade urgente de mudanças — seja por meio de uma expressão de individualidade sem medo ou uma busca por equilíbrio entre a natureza e a tecnologia. 

Reveja aqui o nosso artigo sobre as tendências de 2025

Principais tendências de cores NCS 2026:

“As pessoas querem ver cores, … vemos que depois de terem se focado em tantas coisas negativas, começaremos a concentrar-nos em coisas mais bonitas, haverá um enorme foco em nós, seres humanos, porque precisamos de ligações humanas e haverá uma visão completamente diferente do nosso planeta…”

Karl Johan Bertilson, Stockholm Furniture 2025

A previsão NCS para além de 2026 revela uma tendência em direção a uma paleta mais vibrante, emocional e com significado, propondo quatro visões distintas, cada uma representando uma atitude coletiva face ao mundo.

1. Quietude – A beleza da contenção

Uma constelação de brancos imperfeitos e neutros nobres além da convenção leva-nos a um reino de elegância intemporal—uma opulência consciente que desafia normas e acalma a alma.

Uma paleta serena e minimalista que convida ao silêncio, à introspeção e ao equilíbrio. As cores são suaves, quase suspensas no tempo: beges fumados, verdes calmos e cinzentos etéreos evocam a quietude da natureza intocada e o desejo de pausa num mundo sobrecarregado de estímulos.

Indicada para espaços residenciais, spas, ambientes terapêuticos ou projetos de design biofílico, esta tendência apela à harmonia sensorial e emocional. O uso de materiais como mármore branco quente, madeira clara e acabamentos mate reforça o carácter contemplativo da paleta.

2. Homecoming – A casa como refúgio emocional

“Um castanho quente e acolhedor, com vermelhos e verdes vibrantes, evoca conexões humanas, nostalgia e um sentido de pertença—o nosso novo luxo e refúgio.”

Homecoming representa um regresso às raízes, ao conforto tátil e emocional do conhecido. A paleta inclui tons terrosos, castanhos ricos, vermelhos queimados e amarelos dourados, remetendo para tradições artesanais, objetos com história e o valor do imperfeito.

Ideal para design de interiores acolhedores, hotéis boutique e espaços culturais, esta tendência beneficia do uso de couro gasto, cerâmicas mate, tecidos naturais e acabamentos texturados para acentuar o sentimento de pertença e autenticidade.

3. Symbiosis – A fusão entre tecnologia e natureza

“Um azul escuro envolve e entrelaça várias cores mais claras para um crescimento coletivo e uma coexistência harmoniosa—um empoderamento mútuo onde a inteligência humana, a IA e a natureza se unem para um amanhã mais brilhante.”

Uma paleta que antecipa o futuro, onde a inovação tecnológica e a sensibilidade ecológica coexistem em harmonia. Cores metálicas e frias, como prateados, verdes-petróleo, azuis névoa e neutros esverdeados, misturam-se para evocar uma estética orgânico-digital.

Esta proposta é especialmente relevante para espaços de trabalho, escolas inovadoras ou projetos urbanos sustentáveis. Materiais com acabamentos metálicos, superfícies translúcidas e texturas inspiradas na natureza criam ambientes que traduzem o equilíbrio entre o biológico e o artificial.

4. Renegade – O espírito da expressão audaz

“Despertando a rebeldia criativa, este zénite de uma era carmesim incendeia a expressão destemida, onde tons ousados e altamente cromáticos, juntamente com sombras profundas, desafiam audaciosamente o ordinário.”

A paleta mais provocadora e emocional da previsão NCS 2026+. Renegade é uma celebração da rebeldia, da individualidade e da urgência de sermos ouvidos. Cores intensas como o vermelho carmesim, bordeaux profundo, laranja vibrante, amarelo-verde ácido e violeta avermelhado traduzem emoções cruas: paixão, raiva, energia, urgência e transformação.

É uma escolha ideal para marcas com branding ousado, espaços de retalho disruptivos, instalações culturais ou ambientes onde a identidade e o impacto são prioridade. O contraste entre acabamentos brilhantes (que amplificam a teatralidade) e mates (que conferem sofisticação) cria tensão e ritmo visual. Os tons vívidos expressam identidade, enquanto os terrosos oferecem equilíbrio — uma estratégia visual com impacto para cenários de alta intensidade emocional.

Cores NCS 2026: À procura de refúgio

Karl Bertilson aponta o “escapism” e conexão humana como tendências, manifestando-se sobretudo nas paletas como Quietude e Homecoming, que propõem ambientes sensoriais, tranquilos e reconfortantes, quase como refúgios emocionais. A paleta Quietude, oferece uma fuga visual da saturação e do ruído do quotidiano, criando espaços onde se pode “desligar” e respirar. Já Homecoming responde a uma necessidade de reconexão emocional, não só com os outros, mas com aquilo que é familiar e autêntico — daí o uso de cores terrosas, envelhecidas e nostálgicas, muitas vezes associadas a memórias e tradições. Esta tendência evidencia um desejo profundo por raízes, pertença e intimidade, sobretudo num mundo cada vez mais desmaterializado e impessoal.

Estas paletas não procuram apenas agradar esteticamente, mas tocar algo mais profundo — uma carência coletiva por vínculos reais num tempo onde a tecnologia aproxima e afasta em igual medida.